Papiro de carne

Escrevo como quem enrola papiro.

Minha superfície de escrita é meu corpo.

 

As idéias escorrem pelos cabelos

e encharcam a pele, os ossos, as vestes.

Escrevo como quem burila a pele de todo dia.

 

Meu corpo é todo marcado de palavras.

Palavras que são ganchos,

que extraio de dentro da carne!

Ganchos que ferem,

mas que me fazem sentir mais a carne...

 

Meus ditos são pedaços de carne.

Carne crua e cheia de sangue.

 

Não escrevo como quem planta árvores.

Escrevo como quem revolve a terra.

 

[© Rosy Feros, 1996]

 

 

RAW MEAT PAPYRUS

 

I write like someone who rolls papyrus.

The surface of my writing is my body.

 

My ideas seep through my hair

And drench my skin, my bones, my clothes.

I write like someone who chips away at their skin daily.

 

My body is blotched all over by words.

Words that are hooks,

And I extract them from my flesh.

Hooks that scathe

But they force me to feel my flesh.

 

My remarks are pieces of flesh.

Raw meat full of blood.

 

I do not write like someone who plants trees

I write like someone who rummages through the earth.

 

-- Translated by Mary Catherine Bartsh

[A tradução deste trabalho é fruto do intercâmbio cultural e literário "Brazilian Women Writers" (2008), um programa criado pelo Professor  Steven Butterman  em parceria com a REBRA [Rede de Escritoras Brasileiras] para o Department of Modern Languages and Literatures da Universidade de Miami (UM-Flórida).]

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